James nunca soube ao certo de onde exatamente vinha o seu desejo pela queda. E a queda, em seu ponto de vista, não era algo negativo, mas sim uma visão romântica do cair - como o vislumbrar de uma janela através de outra janela que dava para outra janela do infinito. A queda do ego. A queda do apego a conquista. A queda de falsas convicções, de falsos medos e falsos desejos. A queda do próprio medo de cair.
Não havia palavra alguma que o fizesse recuar quando tomou a sua decisão. E, após tomada, tudo o que restava era decidir o momento exato de decidir, estabelecer um prazo para sua inevitável partida. E decidiu. Não sem sofrer ou sem criar sofrimento, mas fato é que decidiu.
Desejava o eterno com a paixão efêmera de quem recomeça a destruição para então remodelar o sonho que mais tarde destruiria para reconstruir. Repensava os detalhes com a lógica incessante de quem desenha sob tela e não se contenta com traço torto, mas endireita todo um pensar sem jamais - jamais - restruturar o erro que sozinho torna perfeita a sua obra e forma intrinseca de se expressar. Desejava abrir os braços e tocar as nuvens na mesma velocidade com que podia imaginar tal feito. Desejava nunca regressar, mas regressava no desejo de não desejar. E de alma e coração, desejava criar asas e voar.
Você deve achar genérica e impressionista essa forma de escrita redundante e sem ponto de partida ou fim. Imprecisa, mas é assim que essa história será contada, pois, após muitos encontros e desencontros, é exatamente isso que (não sem equívocos) se pode concluir: não houve fim ou começo em sua jornada. Depois de tudo, se eu pudesse dizer algo sobre ele, ou até para ele, seria “James, você estremece e ressona em cada frase daqueles cuja sua presença encontrou e desencontrou.”
Desencontro, palavra ingrata. Não houve encontro maior do que aquele que ele mesmo, e por si só, buscava - e talvez tenha encontrado. Todo o resto, é julgamento. E sem base.
Essa história é sobre aqueles que ficaram em sua partida, que se confunde ao todo com sua chegada. Sobre seu começo, que ciclicamente se renova em seu eterno fim, ou talvez perfeitamente o contrário: seu fim, que ciclicamente se renova em seu eterno recomeço. É sobre momentos doce-amargos, e ideias e pensares inacabados, perfeitos em sua arte de não se terminar. É também sobre aquela frase não pronunciada, mas eternizada. E sobre aquela foto nunca revelada, mas registrada. E até sobre o eterno deslumbre frente a tudo, tudo o que na verdade é nada.
Corajosos aqueles que se aventurarem nessa história, que se encerra já em seu começo, e começa já em seu infindável fim. Dói lembrar, e mais por se reconhecer o ponto da dor do que pela dor em si. Afinal, dor por dor não dói.
Mas você... você vem?
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